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domingo, 14 de agosto de 2016

Primeiro e único: Usain Bolt faz história no Rio com o tricampeonato dos 100m


Antes de dormir, conte uma história ao seu filho. Era uma vez um menino que desafiava o tempo, rápido feito um raio e que colecionava medalhas douradas. Enquanto os outros corriam atrás, ele corria na frente. E, mesmo já tendo vencido todos, mesmo já tendo conquistado tudo, seguia correndo. Seria assim que ele se tornaria a maior das lendas, o maior dos mitos. Não bastava ser o homem mais rápido de todos os tempos. Era preciso ter os três títulos que ninguém tinha. Na noite deste domingo, antes de dormir, conte ao seu filho – se é que ele ainda não sabe - quem é Usain Bolt. Conte o quão aplaudido e reverenciado ele foi assim que pisou na pista do Engenhão e como ele arrancou de forma espetacular para que o Brasil e o mundo não se esqueçam desta competição tão cedo. Conte o quão incrível esse jamaicano foi na prova mais nobre do atletismo nas Olimpíadas.
Caso você não tenha visto, Bolt deixou mais uma vez todos os adversários para trás, deixou o cronômetro parado em 9s81, sua melhor marca na temporada. Ser o primeiro a cruzar a linha de chegada significava ser também o primeiro tricampeão olímpico da história dos 100m rasos, seja entre homens ou mulheres. Significava ter vencido lesões, vencido a desconfiança, vencido os limites de um corpo de 29 anos. Ter vencido o maior rival, o americano Justin Gatlin (9s89) e o canadense Andre De Grasse (9s91), que completaram o pódio. 
Bolt arranca no fim e bate no peito: vitória sobre Gatlin e o primeiro tri olímpico da história dos 100 (Foto: Agência Reuters)
O roteiro do terceiro ouro começou em julho e com mais drama do que o habitual. Na seletiva olímpica jamaicana, Bolt sentiu uma lesão na coxa e abriu mão de competir. Fez valer-se do regulamento, apresentou um atestado médico e correu contra o tempo para se recuperar e provar que teria condições físicas de defender a Jamaica e o próprio reinado no Rio de Janeiro. O fez com louvor.
Na primeira oportunidade que teve de mostrar seu valor na pista, na manhã de sábado,passeou na fase classificatória. Soube que Gatlin mais uma vez foi mais rápido, mas não se incomodou. Como de hábito, seu potencial apareceria no momento certo.
Bolt na chegada da semifinal dos 100m (Foto: ANDRÉ DURÃO/Globoesporte.com/NOPP)
Neste domingo, a expectativa era toda sobre a final. As outras provas, mesmo valendo medalha, pareciam não importar. Ao chegar no Engenhão, a torcida via nos telões o horário e uma contagem regressiva para a a decisão dos 100m. Quando o momento chegou, o astro não decepcionou. 
Na semifinal, foi só pisar na pista para ser ovacionado. Cumprimentou o público de volta, bateu palmas e ouviu os gritos de "Bolt! Bolt! Bolt!". Dado o tiro de partida, um susto. Andrew Fisher, do Bahrein, que no aquecimento foi filmado batendo papo com o jamaicano, queimou a largada e deu adeus à disputa. Bolt voltou ao bloco e fez sua parte. Venceu a bateria com 9s86, sua melhor marca no ano, o suficiente para avançar em primeiro lugar geral. Gatlin, o principal rival, foi apresentado num misto de vaias e aplausos. Venceu a terceira bateria com 9s94, o terceiro tempo geral.
Quando a medalha entrou definitivamente em jogo, Bolt seguiu o script que o tornou lenda. Entrou de braços abertos, ovacionado. Gatlin foi ainda mais vaiado do que na semi, mas não deu importância. Bolt, muito menos. Foi o primeiro a testar o bloco de partida. Uma vez dada a largada, saiu mal como sempre, arrancou como sempre - para passar Gatlin, que liderou até os 10 metros finais - e cruzou em primeiro, como sempre fez em Olimpíadas desde que se tornou o homem mais rápido do mundo. Completou a distância em 9s81 e bateu no peito.
O primeiro abraço foi em um urso de pelúcia gigante do mascote Vinícius. Depois, rodou o estádio e pegou uma bandeira da Jamaica. Abraçou alguns compatriotas, posou para selfie e seguiu sua volta olímpica ao som de um reggae tocado pelo sistema de som do Engenhão. Tirou as sapatilhas douradas que o guiaram a mais um ouro, abraçou mais jamaicanos na torcida e só então fez a comemoração do arqueiro, ou do "Raio", como a torcida costuma chamar. 
A essa altura, o salto em altura masculino ainda rolava na pista, mas ninguém prestava atenção. Todos os olhos seguiam vidrados em Bolt, que ria, posava para fotos e agradecia pelo carinho e gritos de "Bolt! Bolt! Bolt!". Nada mais merecido. Ele é o cara. Ele é Usain Bolt. Ele é tricampeão olímpico dos 100m. Antes de dormir, não se esqueça de contar isso ao seu filho. 
(Fonte: GE)

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